Foto: Carlos Arthur Jr.
Assim como outras artes marciais, o Jiu-Jitsu marca o desempenho e evolução de seus praticantes através de faixas, com a branca sendo sempre o ponto inicial da jornada e a preta representando a maestria e capacidade de passar a frente os ensinamentos e preceitos da arte suave. É importante ressaltar, no entanto, que o sistema de faixas do Jiu-Jitsu é mais complexo do que parece no primeiro momento, com variações para grupos diferentes de idade, tempos minímos em cada faixa e até mesmo patamares acima da sonhada faixa-preta. Ficou perdido? Confira nas linhas abaixo para entender melhor.
Faixas infantis: O inicio de tudo
No Jiu-Jitsu infantil, as faixas são divididas em cinco cores: Branca, cinza, amarela, laranja e verde. Aqui não existem tempos mínimos de faixa, mas praticantes só podem avançar para cores diferentes a partir de idades especificas, com a branca aberta para todas as idades, cinza a partir de quatro anos, amarela a partir de sete anos, laranja a partir de dez anos, e verde a partir dos treze anos. Vale lembrar que as idades são requisitos mínimos e que a promoção de cada criança fica a critério do professor, que toma essa decisão após acompanhar o desenvolvimento do aluno durante as aulas.
Com exceção da branca, existem ainda subdivisões dentro de cada grupo de faixa que ajudam a melhor definir o nível de domínio de cada praticante. Uma criança que foi promovida da cinza, por exemplo, pode receber a faixa amarela e branca, para depois receber a faixa-amarela e, após se estabelecer bem, receber a amarela e preta até alcançar a idade necessária para o próximo nível do seu treino. Essas divisões não são obrigatórias e novamente dependem do julgamento do professor.
É importante ressaltar que todas as faixas infantis, com exceção da branca, são limitadas até os 15 anos de idade. A partir dos 16 anos, o praticante passa a se enquadrar no grupo “Juvenil” e precisa ser promovido para uma graduação condizente com o grupo, com faixas cinza, amarela e laranja avançando para a faixa-azul, e faixas-verdes se tornando faixas-azuis ou roxas, de acordo com a decisão do professor.
Faixas adultas: Da branca a preta? Nem sempre!
Conforme estabelecemos, um praticante que treina desde a infância e alcançou uma graduação mais alta nas faixas infantis começa sua jornada como adulto no Jiu-Jitsu já na faixa-azul ou até mesmo na roxa. Para outros, a faixa-branca volta a ser o ponto de partida e cada faixa depois dela vem com requisitos mínimos de tempo para ser promovido para o próximo nível. Da azul para a roxa é preciso de dois anos, enquanto da roxa para a marrom precisa de um ano e meio, e um ano da marrom para a preta.
No caso de competidores, o regulamento da IBJJF permite que atletas ignorem o tempo mínimo de faixa caso eles conquistem a medalha de ouro no Campeonato Mundial de Jiu-Jitsu com ou sem kimono. Temos o exemplo de Cassia Moura Remesar, representante da Lead BJJ que avançou da faixa-azul para a preta em apenas um ano, ficando com o título no Mundial de 2023 para ser promovida para a roxa, repetindo o feito no Mundial No-Gi do mesmo ano para virar marrom, e depois voltando ao topo do pódio no Mundial em 2024 para se tornar uma faixa-preta. Vale lembrar que esse método não é válido para atletas na faixa-branca, estando diponível apenas a partir da faixa-azul.
Faixa-Preta: A evolução de um mestre
Olhando de fora, a faixa-preta pode parecer o ponto final da jornada. O praticante que alcança esta graduação é considerado um mestre e pode competir no ponto mais alto da esfera competitiva, mas se engana quem acha que não existe ainda mais espaço para evolução, já que após a preta existem nada menos que três níveis a serem alcançados: Vermelha e preta, vermelha e branca, e vermelha.
As graduações na faixa-preta funcionam de forma diferente das anteriores, começando pelo fato de que não é possível ser promovido baseado em seu desempenho competitivo. Apenas tempo de atividade comprovada na IBJJF é considerado como critério para a promoção, e esse avanço é feito com graus na faixa-preta. Os tempos para solicitação variam de acordo com cada grau e só são contados a partir da promoção anterior, ou seja, de grau para grau.
Os três primeiros graus podem ser solicitados na federação com um período de três anos entre si, enquanto o quarto, quinto e sexto precisam de cinco anos cada. O sétimo grau da faixa-preta representa a faixa vermelha e preta, e pode ser solicitado a partir de sete anos após a promoção anterior ou com 31 anos de atividade comprovada na IBJJF. Similarmente, o oitavo grau representa a faixa vermelha e branca, e pode ser solicitado a partir de sete anos após a promoção anterior ou com 38 anos de atividade comprovada na federação. Por fim, o nono grau representa a faixa-vermelha e pode ser solicitado apenas após 10 anos desde a promoção anterior ou com 48 anos de atividade comprovada. Existe ainda um décimo grau, mas este foi concedido apenas aos irmãos e pioneiros do Jiu-Jitsu brasileiro: Carlos, Oswaldo, George, Gastão e Hélio Gracie.
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